Durante décadas, tanto os órgãos governamentais quanto a indústria alimentar promoveram a substituição das tradicionais gorduras animais por gorduras vegetais, propagando a ideia de que seriam mais saudáveis. Margarinas e manteigas vegetais emergiram em massa como alternativas benéficas para a saúde cardiovascular. No entanto, estudos recentes apontam para uma realidade alarmante: o consumo de óleos vegetais altamente refinados pode ser um assassino silencioso a longo prazo. Embora possam reduzir o colesterol total, estes óleos estão associados a um aumento de até 20% na mortalidade.
Os óleos vegetais, especialmente os de sementes, tornaram-se omnipresentes na produção de alimentos devido ao seu baixo custo. Em Portugal, quase todos os alimentos processados e conservas contêm óleos de girassol, soja ou canola. Nos supermercados, é difícil encontrar bolachas que não incluam algum tipo de óleo de sementes. Restaurantes e receitas domésticas frequentemente substituem o azeite por estas opções mais baratas e inodoras.
Qual o verdadeiro perigo dos óleos vegetais?
Estes óleos contêm uma elevada percentagem de ácidos gordos polinsaturados (PUFA). Os PUFAs são instáveis e decompõem-se rapidamente quando expostos a stress químico. O processo de refinamento e extração a altas temperaturas aumenta a formação de componentes tóxicos. Enquanto as gorduras saturadas são estáveis sob calor, as insaturadas são propensas à oxidação, promovendo inflamação e o crescimento de células cancerígenas. O ácido linoleico, presente em abundância nos óleos vegetais, oxida facilmente, tanto durante o refinamento quanto nas prateleiras dos supermercados.
Martin Grootvelt, especialista em saúde alimentar, alerta que refeições fritas em óleos vegetais podem conter 100 a 200 vezes mais aldeídos do que o limite diário seguro estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Aldeídos são compostos químicos prejudiciais produzidos durante a oxidação dos óleos, associados a danos celulares e aumento do risco de cancro.
O Equilíbrio de ómegas
Além da toxicidade, há a questão do desequilíbrio entre ômega-6 e ômega-3 na dieta moderna. O consumo excessivo de ômega-6, presente nos alimentos processados, em detrimento do ômega-3, pode promover inflamação, favorecendo o crescimento e a propagação de células cancerígenas. Por outro lado, os ácidos gordos ômega-3 têm demonstrado reduzir a inflamação, controlar o crescimento do cancro, melhorar os efeitos de certos tratamentos oncológicos e reduzir o risco de caquexia em doentes com cancro.
Para proteger a sua saúde, evite óleos vegetais refinados, especialmente os ricos em ácido linoleico. Opte por gorduras mais saudáveis, como azeite de oliva extravirgem, rico em ácido oleico e menos propenso à oxidação. Se precisar de fritar alimentos a altas temperaturas, escolha gorduras saturadas, como manteiga tradicional ou óleo de coco. Lembre-se que a indústria alimentar prioriza muitas vezes a quantidade sobre a qualidade. Fazer escolhas alimentares conscientes pode ter um impacto significativo na sua saúde a longo prazo.